terça-feira, 23 de julho de 2013

A história do Distrito de Calama


O povo Calamense

                                                                          Professor José Cícero Gomes

              O povoamento da área do Distrito de Calama no baixo madeira rondoniense, tem início por volta da segunda metade do século XIX, retirantes da seca que assolava o sertão nordestino migram para a região Amazônica, e ao chegar assumem o papel de seringueiros povoando as margens dos rios Madeira(Caiari), Ji-paraná(Machado) e Preto. Ocupam o Baixo Madeira e travam um conflito com os descendentes dos antigos Kawahima ( Parintintins e Tenhrins ).
                 Os pioneiros nordestinos se depararam com  índios do tronco Tupi, família Tupi-guarani, grupo Tupi-Kagwahib que habitavam a voz do rio Marmelo, a margem direita do rio Madeira e do rio Maici.
                Nesta correlação de forças o mais forte subjugou o mais fraco, se deu apaxificação dos nativos através do uso da força. Os Parintintins e os Tenharins não foram os nativos enfrentados pelos caboclos sertanejos acostumados a enfrentar desafios, obstáculos, enfim preparados para enfrentar a dureza da vida; outros nativos que combateram a presença do nordestino no perímetro de Calama e adjacência foram os Muras que já vinham resistindo ao invasor de seu território desde o século XVIII. Segundo Vitor Hugo: "A ferocidade dos índios do Rio Madeira era propalada e ninguém se aventurava a percorrê-lo ou aos seus afluentes, se não estivessem bem armados e em um grupo numeroso."¹
                Segundo Amizael: "Esses pacificadores não passavam de regateadores e escravizadores de índios, esses viam as mulheres nativas como objeto do prazer."² Os primeiros moradores da vila de Calama foram coletores de goma elástica (látex), castanha da amazônia(Castanha do Pará) e óleos vegetais. estes eram Nordestinos, e filhos de Nordestinos ou do cruzamento destes com nativas. Sabemos que muitos destes bravos caboclos do sertão nordestino traziam suas mulheres e filhos. Mas muitos deixaram suas famílias para trás ou eram solteiros, e ao chegarem na Amazônia do Sul construíram outra família com uma silvícola, com uma filha de algum pioneiro ou ainda com a mulher roupada de algum caboclo visto com fracote e preguiçoso pelo seringalista. 
               É sabido que a própria vida que eles levavam aqui na Amazônia do Sul, não permitia que eles voltasse para rever suas famílias no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco e outros nordestinos.
                A população atual da vila de Calama é composta por mais ou menos 72% pessoas nascidas no Distrito de Calama, 22% vindas do Estado do Amazonas, uma grande parte destes 22% vinheram do município do Humaitá-AM, 0,2% nasceram em na capital Porto Velho, e  5,8% do moradores do Distrito de Calama nasceram em outros Estados da Federação.
                     A vila de Calama é acolhedora e sua comunidade ainda hoje recebe de braços abertos os seus visitantes e acolhe todos que ali resolve viver, até pouco tempo grande parte do efetivo humano no campo do serviço público da educação em Calama era formado por cearenses que lá chegaram no início dos anos 90. 
            A vida do povo calamense atualmente se explica como uma vida sem dinamismo econômico, sem uma produção extensiva, hoje a população se ocupa apenas do funcionalismo público, de uma pesca artesanal e uma agricultura de subsistência. Mas, já existiu uma economia dinâmica nos Distrito, podermos afirmar que a economia de Calama é cicla e a ocupação da vila de Calama assim como a ocupação de todo o baixo madeira rondoniense passa pelos ciclos econômicos: borracha, extração de castanha do Pará, óleos vegetais, madeira e ouro nos anos 80.     
                    Existe um sonho na vida desse povo humilde e acolhedor, de ver seu distrito ter um desenvolvimento real, mas os calamenses ainda estão esperando as tão sonhadas medidas de ordem administrativas para estimular o desenvolvimento não só do Distrito de Calama mais de todo o baixo madeira rondoniense. É bom lembramos que eles esperam por tais medidas desde o governo de Jorge Teixeira até os nossos dias, alguns governos passaram pelo palácio Getúlio Vargas e nada fizeram pelo desenvolvimento do Distrito de Calama.  


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