quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A conquista da Amazônia


A penetração colonial no oeste para além do tratado de tordesilha

Vejamos, inicialmente, como ocorreu a conquista e a ocupação das terras do vales do Guaporé e do Madeira por sertanistas e jesuítas, terras estas castelhanas que ficavam a oeste da linha de Tordesilas, o nosso serrado, o nosso pantanal e a nossa Amazônia não pertencia ao Brasil português, mas de acordo com o tratado de Tordesilha, assinado em 1494, a posse destas terras que hoje compreende ao centro oeste e ao norte brasileiro pertencia a Espanha. Porém, a ocupação catelhana das regiões oeste, sudoeste e norte do atual Brasil não foi efetivada por diversos motivos, entre eles por não terem encontrado metais amoedáveis na Amazônia em suas excursões pelos rios da Amazônia. O primeiro a chegar a Amazônia foi onavegador Vicente Yanez Pizon que batiza a embocadura do rio Amazona, com o nome de Santa maria Del Mar Dulce, em 1500.
Ocorreram outras excursões castelhanas à Amazônias, em1541 saiu de Quito a expedição de Gonzalo Pizzarro e Francisco Orellana rumo ao Amazonas, em busca das drogas do sertão e de ouro, não obtiveram sucesso. Restando da viagem apenas o relato fantâstico do frei Gaspar de Carvajal, sobre as guerreiras amazonas. Dezenove anos depois, Pedro de Ursula e Lopes de Aguirre, repetiram a expedição novamente sem sucesso. Talvez estes fracassos fizeram se concentrarem na exploração de outras regiões do continente americano que se mostravam mais lucrativos, tais como o vice-reino da nova Espanha e o vice-reino do Peru... A presença não lusitana no litoral norte do Brasil e na Amazônia, despertou o temor Português ao vê seu interesses ameaçados, inicia a construção de uma série de fortificações no litoral nordestino e norte e nos rios amazõnicos. O primeiro deles na região norte foi o forte do Presépio , contruído ainda em 1616 por Francisco Caldeira de Castelo Branco, dando origem a vila de Snta Maria de Belém do Grão-Pará, desta forma marcando definitivamente a presença portuguesa na região amazônica. Em 1637 o capitão Pedro Teixeira comanda uma expedição com a finalidade de demarca os limites lusitanos na Amazônia.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Mato Grosso

Sobre a História do Nome e eo Surgimento de Mato Grosso



Prática comum nas espacializações portuguesas projetar - expandir em busca de novos achados auríferos e da cobiçada mão de obra indígena, principalmente a dos Pareci. Buscavam-se novos vetores e eixos de colonização, laçeando as conquistas lusas sob solo hispânico forjando o espaço de Mato Grosso, que pelo Tratado de Tordesilhas (1494), estava imaginariamente sob os domínios de castelhanos.

Espacialização e reespacialização em áreas indígenas milenares, ainda inquantificável, que nas palavras do cronista setecentista Antônio Pires de Campos quem em 1716/1718, após contar aproximadamente 80 grupos indígenas desabafa diante do número infindável: seria processo infinito se quisesse narrar as várias nações (...) e menos numerá-las, por se perder o algarismo.

Após o acúmulo de mais de dez anos enraizados na Vila Real de Cuiabá – unidade política-administrativa do ultramar português, inventada em 1721 por Miguel Sutil, o movimento e a vibração do mercantilismo segue o fluxo no quadrinômio: invasão-conquista- colonização- expansão, chegando em 1734, nas franjas do chapadão onde se constituía o vasto Reino dos Pareci, segundo documentos iconográficos.

Os assim chamados negros da terra – índios escravizados por bandeiras de preamento tinham um valor significativo, no rico e nefasto comércio de mão de obra indígena na sociedade escravista portuguesa.

Os Pareci desde antes, nos tempos iniciais do Arraial de Cuiabá já eram capturados nestes sertões, havendo inclusive referências à sua docilidade e civilidade: nas palavras dos cronistas. Foram enviados às dezenas para trabalharem em outras vilas coloniais.

Esta etnia entre outras tantas, foi motivação de muitas bandeiras de preamento e correrias nos sertões do termo da Vila de Cuiabá na direção oeste, financiadas por capital privado dos homens bons da Vila de Cuiabá.

Existiam pelo menos três motivos destas expedições: o preamento e comercialização dos índios, a procura de novas datas minerais e o combate a Guerra Justa, – direito de extermínio das sociedades indígenas consideradas bárbaras, como os temidos Paiaguá, índios tidos como bárbaros, pela defesa dos seus territórios. Índios bravios imortalizados na letra do Hino e no nome do Palácio do Governo.

Segundo relatos de Francisco Caetano Borges nos Anais de Vila Bela de 1754, sobre a expansão da conquista oeste da Vila de Cuiabá, os primeiros achados de ouro desta região indicam o nome de dois desbravadores bandeirantes, ofuscando os demais homens envolvidos na bandeira (certamente negros, índios e colonos pobres), paulistanos de Sorocaba, como Miguel Sutil: Saiu da Vila do Cuiabá Fernando Paes de Barros com seu irmão Artur Paes, naturais de Sorocaba, e sendo o gentio Pareci o mais procurado e já quase extinto, e depois de conquistarem alguns nas suas vastas campanhas, cursaram mais ao poente delas com o mesmo intento, e arranchando-se no ribeirão que deságua no rio Galera, o qual corre ao nascente a buscar o rio Guaporé, e aqueles nascem das fraldas da serras hoje chamadas de São Francisco Xavier de Mato Grosso da parte oriental, fazendo experiência de ouro, tiraram nele três quartos de uma oitava (aproximadamente 2 quilos e meio) na era de 1734.

O nome do primeiro povoado minerador São Francisco Xavier deve-se ao financiador da expedição, o comerciante Luiz Rodrigues Villar, que ao receber a notícia dos novos achados, estava lendo a vida do grande apóstolo da índia São Francisco Xavier e em seu louvor mandou que se batizasse o local, orientando em seguida a construção de uma capela com o nome do referido santo.

Ao contrário do que se imagina este pequeno arraial antecipou o surgimento de Vila Bela da Santíssima Trindade em 18 anos, sendo o primeiro povoado estabelecido na região do Guaporé, depois, Mato Grosso.

Destaco aqui que até sua elevação e status de capitania em 1748, estas posses eram objetos de litígio entre as coroas ibéricas e estavam sob a jurisdição da capitania de São Paulo.

Seguindo as notícias, feitos mágicos e heróicas de sertanistas tarimbados da própria Vila de Cuiabá, e as coordenadas geográficas riscadas no chão com a mão ou com um galho seco, nos caminhos e trilhas homens reinóis negros e índios trilheiros expandiram fronteiras e amansaram sertões na parte mais central do continente sul americano. História da colonização ainda pouco conhecida, espacialidades urbanas palmilhadas a mais de 500 quilômetros da Vila de Cuiabá.

Desde os primórdios da colonização pairava no imaginário social dos paulistanos os sonhos de enriquecimento no eldorado, lugar mítico com metais em abundância, a lendária serra dos Martírios onde jorrava ouro ou da onírica serra de Prata no Reino encantado de Paytiti alimentava e impulsionava desejos de enriquecimento.

Estas expedições eram formadas por protagonistas anônimos, silenciados pela historiografia oficial: índios cativos, caburés e negros, além dos decantados e cultuados bandeirantes, brasílicos (piratinguenses), homens que garatujavam letras e dominavam diversas línguas indígenas.

Surgia contudo, como produto destas ambições mercantis um novo topônimo na cartografia portuguesa: Mato Grosso nome que surgiu, 14 anos antes da invenção da própria capitania (1736-1748), as referências de ordem escriturárias e de mapas indicam variadas referências a estas espacializações, destacando elementos das paisagens, hoje conhecidas como ecossistemas e em alguns casos acompanhadas do etnônimo Pareci, conforme apontou o historiador Carlos Rosa todos estes nomes demarcavam esta nova territorialidade alcançada: o Mato Grosso, o Mato Grosso dos Pareci, o Mato Grosso do Sertão dos Pareci, Sertão de Mato Grosso no Reino dos Pareci.

Tais descobertas do vale do Guaporé e suas repercussões na metrópole lusitana, entre outros motivos, seguramente motivaram a constituição da capitania de Mato Grosso em 1748.

Para o cronista José Gonçalves da Fonseca os primeiros registros manuscritos que apresentam a expressão Mato Grosso, que mais tarde por uso coloquial, domínio escriturário e ícono-cartográfico veio a nomear a capitania seriam atribuídos aos achados auríferos de São Francisco: (...) saindo uma tropa de gente da Vila do Cuiabá a explorar as campanhas dos gentios chamados Pareci (...), que habitava nas dilatadas planícies ao norte da grande chapada, e achando a referida tropa todo aquele continente destruído de tudo que pudesse fazer interferisse as suas diligências, se determinaram a atravessar a cordilheira das gerais de oriente para poente; e como estas montanhas são escalvadas, logo que baixaram à planície da parte oposta aos campos dos Pareci (que só tem algumas ilhas de arbustos agrestes), toparam com matos virgens de arvoredo muito elevado e corpulento, que entrando a penetrá-lo o foram apelidando Mato Grosso; e este é o nome que ainda hoje conserva todo aquele distrito.





Parte 2

Seguindo as informações dos topônimos vamos aos significados, Houais nos dá algumas pistas seguras:

Mato: vegetação constituída de plantas não cultivadas de porte médio, e geralmente sem qualquer serventia.

Grosso: de maior diâmetro, em comparação com congêneres; volumoso; corpulento.

Esta distinção de princípio paisagístico me parece fundamental, pois a idéia geral do que se compreende como mato num padrão comum de uso linguístico e observação do ambiente natural da Vila de Cuiabá era o Cerrado, que no mesmo dicionário significa: mata xerófita dos planaltos, de formação arbórea aberta, com vegetação herbácea abundante e cujas árvores são geralmente pequenas e tortuosas e de casca grossa e suberosa;

O topônimo Mato Grosso (floresta amazônica) surge, portanto em oposição ao Mato Cerrado - árvores pequenas e tortuosas. Com a mudança da capital para Cuiabá, o nome do estado ficou aparentemente contraditório, Mato Grosso - Cerrado.

Este acontecimento nos sugere, que se a primeira capital fosse Cuiabá certamente a capitania levaria outro nome.

Esta escolha do primeiro nome da capitania está intrinsecamente interligado a fundação de Vila Bela de Santíssima Trindade naquela localidade, motivada por razões estratégicas geoeconômicas portuguesas.

Mas, como na História não existe “se”, o fato é que o uso da expressão Mato Grosso nasce entre outros motivos para garantir e legitimar as expansões territoriais e conquistas lusitanas na fronteira oeste da colônia portuguesa na América.

Habilidades e estratégias discursivas/cartográficas utilizadas nos batismos dos lugares desde os princípios da colonização portuguesa. Batizar com topônimos lingüísticos lusitanos era o primeiro passo para o apelo do uti possidetis – o direito de posse a quem ocupou por primeiro. Limites que se consolidaram nos tratado de Santo Idelfonso (1777).

No tocante a idéia de sertão (Mato Grosso do Sertão Pareci), no referido dicionário apresenta a seguinte definição: região agreste, afastada dos núcleos urbanos e das terras cultivadas; para além das definições semióticas possíveis, uma me parece emblemática, a imagem de Deserto – Desertão- Sertão, para o ocidente judaico-cristão e suas representações podem significar peregrinação e penitência.

No tocante a associação do nome Mato Grosso ao etnônimo Pareci, indica uma territorialidade indígena estabelecida em uma paisagem estabelecida. Esta identificação étnica seguida da palavra Reino (Mato Grosso do Reino dos Pareci) - indica antes de qualquer coisa, uma organização hierárquica político social e uma quantidade significativa de índios escravizáveis.

A indicação da presença dos Pareci aponta para uma rota de captura de índios, que na prática desembocou no achado de faíscas de ouro às margens dos rios Sararé e Galera, sendo São Francisco Xavier (1734), Ouro Fino (entre 1734-1740), Nossa Senhora de Santana do Pilar (entre 1734-1740), pequenos povoados mineradores do Mato Grosso, ainda pouco conhecidos documental, arqueológico e historiograficamente.

Sabendo das façanhas expansionistas de seus súditos no ultramar, que alargara as terras da conquista e as mechas de ouro encontradas naquelas paragens, El Rey no dia 09 de maio de 1748, através de alvará régio determina a criação de uma capitania, sendo efetivamente instalado em 1751, com a posse do primeiro capitão general Dom Antônio Rolim de Moura Tavares (depois vice-rei do Brasil Conde de Azambuja) desmembrando estas conquistas dos domínios e jurisdição de São Paulo.

Ao que tudo indica, a julgar pela produção intensa de ouro e outros negócios de Cuiabá, as pretensões e ambições mercantis por parte da coroa, eram bem maiores do que comumente se imagina sobre estas terras.

Em 1749, as orientações régias justificaram os motivos das emancipações, dividir para administrar e explorar. D. Mariana, Rainha de Portugal, há milhas distantes destes sertões determina: Considerando a demasiada extensão da capitania geral que se chama de São Paulo, e a dificuldade que se experimentava para que um governador acudisse a tempo, com as providências necessárias a países tão dilatados, tive por conveniente dividir a dita capitania geral em três partes (...).

Nota-se nos trechos uma explícita intenção geopolítica: (...) das quais as mais próximas do mar e daí até o Rio Grande ou Paraná formasse um governo subalterno ao do Rio de Janeiro, como são os mais daquela costa; e deste, o dito, Paraná até o rio Guaporé que deságua no Amazonas, fui servido criar uma capitania geral com o nome de Mato Grosso; e das terras que medeiam entre este governo e o das Minas Gerais, outra capitania geral chamada de Goiás (...).

Contudo, o mal estar da escolha e construção da capital Vila Bela da Santíssima Trindade e não Cuiabá, pólo mais desenvolvido da colonização renderia mais tarde muitas dores de cabeça à administração portuguesa, perdurando-se até a transferência da capital para Cuiabá, na primeira metade do século XIX.

Contudo, esta capitania de Mato Grosso articulava dois estados da colônia por sua posição geográfica: o estado do Pará e do Brasil - partes integradas dos domínios lusos na América. Um elo pelo eixo monçoeiro sul - na carreira comercial do Tietê-Guaporé e outra na direção Guaporé-Madeira-Amazonas, rota norte.

Esta recém criada capitania englobava territorialmente os atuais estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, seu território correspondia a 2/3 de toda a fronteira ocidental da colônia, fazendo divisa abaixo de contendas e tratados com os vizinhos ibéricos espanhóis.

Ao final do período colonial, o solo português se triplicou e esta capitania fronteira de Mato Grosso serviria como antemural do interior da América lusitana.

Nesta espacialidade formou-se um mosaico social: Negros Benguelas e Nagôs e outras etnias; escravos, forros e de ganho; índios das mais diversas sociedades (cativos, administrados, livres e guerreiros) e brancos (colonos e homens bons) compuseram este mosaico de agentes sociais, numa sociedade fronteiriça excludente, escravista e colonial – Mato Grosso.

No começo do séc. XIX a capitania de Mato Grosso totalizava 26.836 habitantes, entre brancos negros e índios, adentrou o século XX com 589 mil habitantes e atualmente entrou no séc. XXI com 2 milhões e 498 mil habitantes.

Reconhecer a historicidade do nome neste acaso comemorativo dos 258 anos de Mato Grosso é, sobretudo, um grande pretexto histórico para refletirmos sobre o processo de ocupação do estado e seus modelos de desenvolvimento.

Desde seu surgimento até os dias atuais a nossa história tem sido a da colonização, movendo sonhos de eldorado e riquezas fáceis, atraindo levas de aventureiros, investidores e migrantes.

Talvez neste aniversário seja uma oportunidade de fazermos um balanço, destes quase três séculos, entre perdas e danos, com todos os mato-grossenses, os que aqui nasceram e os que para cá vieram, a luz da razão, sem ufanismos, xenofobismos, etnocentrismos ou civismos inconseqüentes.



Suelme Evangelista Fernandes

Mestre em História de Mato Grosso
Fonte: www.seduc.mt.gov.br

A mineração

A mineração e os ameríndios de Cuiabá e Mato Grosso.

A mineração ocorreu no Vale do Guaporé num momento de mudanças na política européia, culminou com a consolidação do Capital nas mãos dos ingleses, estes passam a serem o fiel da balança nas questões internacionais, A supremacia inglesa se dar em detrimento das nações ibéricas, já que o capital sai das mãos de Portugal e Espanha e vai para as mãos da Inglaterra. A conquista paulista do serrado e do Vale do Guaporé se dar em prejuízo da coroa Espanhola. Ficava visível a perca da soberania castelhana na região, isto foi possível devido a ausência de hispânicos na margem direita do Guaporé, estes estavam muito mais preocupados com suas terras andinas. Mas esta ocupação da região que ficou conhecida como Cuiabá e Mato Grosso, não foi pacífica. Os paulistas encontraram dura resistência dos índios Payaguá. Porém, as descobertas auríferas dos irmãos Paes e Barros foram acompanhadas pelo governo da Capitania de São Paulo, segundo o barão de Melgaço (Augusto João Manuel leverger, 1802-1880), o governo de São Paulo providenciou os meios para tirar a hegemonia payaguá dos rios do Mato Grosso, e eliminar a resistência dos mesmos a presença do invasor, em seu vasto território, eles foram senhores do rio Paraguai, mas incursionavam até a bacia do Guaporé, hora davam o ar da graça nos sertões de Cuiabá , em suas idas e vindas se deparavam com os luso-brasileiros, e o confronto era inevitável. Uma que alguns destes brancos encontrados em transito ou fixos em comunidades eram velhos conhecidos dos Payaguá, por terem violado seus domínios. Os luso-brasileiros costumavam atacar os aldeamentos indígenas para capturar índios para vender-los como escravos. Chegavam a atacar aldeamentos sob a proteção da igreja católica romana, ai está a causa de todos os conflitos entre religiosos jesuítas e os bandeirantes apresadores de índios. Daí o porquê da violência payaguá quando se deparava com populações não indígenas em Cuibá e Mato Grosso. Como para o conquistador europeu os fins justificavam os meios, os meios encontrados pelo governo da Capitania de São Paulo, foi uma tal de “guerra justa”. Mas eu vos pergunto onde havia justiça na ação dos colonos e aventureiros luso-brasileiros? Neste conflito também se observa um genocídio sobre a nação Parencis, quase todo o povo Parencis desapareceram, os que ficaram foram transformados em escravos utilizados como mão-de-obra cativa na mineração guaporeana.
Prof. J. Cícero Gomes, (EEEMJBC)PVH - RO.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Colonização da Amazônia



A presença européia na Amazônia nos séculos XVI e XVII, e a conquista lusitana da região.

Dentre os europeus que navegaram pelos rios amazônicos estavam espanhóis, franceses, holandeses e ingleses. Desde o final do século XVI que estes europeus buscavam se fixarem na floresta equatorial e colonizá-la. Os primeiros a chegarem a região foram os castelhanos, o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón foi o primeiro a visitar o estuário do Rio Amazonas, em 1500, por ele chamado Santa Maria de la Mar Dulce. A exuberância da Amazônia permeia a imaginação no mundo inteiro e exerce forte fascínio sobre todos, provocando cobiça internacional desde o século XVI, em 1559 holandeses estabeleceram fortificações na foz do rio Xingu, em 1610 ingleses fundam núcleos de povoamento próximo da foz do Amazonas e franceses se fixam no maranhão. Ultrapassando o estado de ameaça eminente para um contexto de agressão real a soberania lusitana na região norte. Tal situação motivou a reação vigorosa dos portugueses que, lutam por três anos até expulsarem os franceses do Maranhão (1612-1615). Após a vitória sobre os franceses, Francisco Caldeira Castro de Branco funda o Forte do Presépio no dia 12 de janeiro de 1616, em torno do mesmo surge a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Neste período Portugal estava sob o domínio da união Ibérica (1580-1640), e atraiu para se todos os inimigos dos castelhanos que se sentiram livres de qualquer laço de amizade com Portugal já que não existia de farto o estado português, eles se achavam no direito de cobiçarem e conquistarem parte da América lusitana, já que naquela conjuntura o que fora lusitano seria castelhano, os colonos e as autoridades portugueses no Brasil atuam decisivamente na expulsão dos estrangeiros do norte e nordeste, além de adentrarem em áreas que antes eram vistas como exclusivamente castelhanas de acordo com o Tratado de Tordesilhas. As autoridades espanholas se descuidam, e bandeirantes, sertanistas e aventureiros expandem os domínios da colônia portuguesa na America do Sul. Isto só foi possível devido à obstinação lusa por encontrar metais amoedáveis e pedras preciosas, e devido os castelhanos terem aberto a guarda, estavam por demais envolvidos com suas colônias andinas, platinas e mexicanas para olhar o que os colonos portugueses estavam fazendo na América do Sul.Caberiam as autoridades lusas a tarefa de resguardar, o Vale do rio Amazonas, em beneficio da União Ibérica. Pelo tratado de Tordesilhas quase toda região amazônica seria da coroa espanhola. No entanto, na metade do século XVII, os lusitanos trataram em fixarem sua presença na bacia e na floresta amazônica. Não imaginava o rei Felipe IV de Espanha(1605-1665) que ao criar a província do Grão-Pará, estava ele lançando as bases da conquista e do povoamento da costa norte a da floresta equatorial pelos luso-brasileiros. O rei citado governou Espanha de 1621 a 1665, e também governou Portugal e suas colônias, já que neste momento não havia de fator um estado português, vivia-se a União Ibérica que foi tão prejudicial a nação portuguesa.

O ouro do Guaporé

O ouro


O ouro das margens do Guaporé era de lavras e faiscadeiras. Os recursos técnicos utilizados na exploração mineradora eram rudimentares, somados aos manipuladores que eram homens igualmente rudes, resultava em uma grande perca no processo de extração do minério e a utilização de um número elevado de escravos, assim encarecendo o processo.
Os veios e aluviões auríferos guaporeanos se constituíram no estímulo para a ocupação luso-brasileira do vale do Guaporé no século XVIII. Favoreceu o povoamento da região e com ele surge a necessidade da coexistência da mineração com outras atividades econômicas devido ao isolamento da região. Surgindo assim uma sociedade colonial no Guaporé ocupada com a mineração, com a pecuária e seus membros mais humildes podiam praticarem a agricultura, esta última atividade nunca passou do campo da subsistência. Daí o porquê da sociedade Guaporeana precisar do fornecimento de viveres, fornecimento feito pelo comércio monçoeiro. Os mercadores do comércio das monções partiam de dois pontos, havia os que vinham de Belém do Grão-Pará percorrendo a rota fluvial do norte e havia os que partiam da Capitania de São Paulo percorrendo a rota do Sul, estes bravos mercadores enfrentavam índios, endemias da floresta, as corredeiras dos rios para poder abastecer Vila Bela da Santíssima Trindade e seus arredores.



O homem em luta com as quedas d’águas do Caiari

Em 1637, o Caiari já tinha sido rebatizado pelos lusos como rio Madeira , treze anos depois o bandeirante Raposo Tavares torna-se o primeiro a percorre todo o curso do rio Madeira de sua foz no rio Amazonas até suas quedas, chegando a transpor o varadouro do salto do Jirau.Rota fluvial que originou no século XVIII a Monção do Norte, comércio feito pelos mercadores de Belém do Grão-Pará com a região mineradora do Vale do rio Guaporé. A tentativa de transladar a região encachoeirada do Madeira era uma tarefa muito perigosa, exigia muita habilidade dos aventureiros que transpunham os saltos de Santo Antônio, Macacos, Teotônio, Morrinhos, Caldeirão do Inferno, Jarau, Três Irmãos e outros.

A descoberta do ouro e fundação de Vila Bela



Após a Guerra dos Emboabas (1707 a 1709), os paulistas, impossibilitados de explorar o ouro da região dos Gerais, passaram a buscar novas zonas auríferas, descobrindo-as nos atuais Estados de Goiás, Mato Grosso e Rondônia. Em 1719, a bandeira de Pascoal Moreira Cabral, subindo o rio Cuiabá à caça de índios, encontrou ouro nas margens do rio Coxipó-Mirim e, em 1725, a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva descobriu ouro em Goiás. A descoberta de ouro na região marcou o início das monções, expedições fluviais regulares que faziam a comunicação entre São Paulo e Cuiabá. E em 1734 os irmãos Fernando e Arthur Paes de Barros descobrem os veios e aluviões auríferos mas margens do rio Guaporé, em dois lugares Fernando Paes de Barros e seu irmão Arthur, partindo de Cuiabá, seguiram em rumo Oeste da Província no século XVIII, buscando a descoberta de novos monchões, juntamente com outros mineradores que, além de descontentes com o pouco resultado do trabalho em Cuiabá, sentiam-se lesados nos seus interesses pela ganância da Coroa Portuguesa. Seguindo sempre a mesma direção, penetraram no Vale do Guaporé, onde anteriormente estivera Manoel Bicudo, grande preador dos índios parecis, que lhe abriu caminho, pois, suas pegadas foram seguidas pelos novos aventureiros que "Alcançaram o Planalto dos Parecis", já devastado pelos seus predecessores, meteram peito, além, à floresta com que toparam, na fralda Sudo-Oeste, entre o Jaúru e o Guaporé, vararam-na, em picada de "sete léguas de espessura", que lhes inspirou o nome de MATO GROSSO, dado a região, e foram ter as águas do Sararé e Galera, à chapada, onde os mimou a fortuna, ao rever-lhes maravilhosas pepitas de ouro. Tomadas as medidas administrativas, que se faziam necessárias em casos tais, para logo se constituir o Arraial de Sant'Ana, em seguida,o de São Francisco Xavier e de Nossa Senhora do Pilar, todos na mesma chapada, que o Sararé contorna em apertado semi-círculo. Estavam, assim, lançados os marcos povoadores da região onde, tempos depois, seria edificada a Vila Bela da Santíssima Trindade, que seria mais tarde, a sede da Capitania de mato Grosso e Cuiabá, uma vez que, São Francisco Xavier dariam origem àquela povoação, erguida, algum tempo depois, no sítio denominado de Pouso Alegre, determinado o posterior desaparecimento da localidade fundada por Fernando Paes de Barros. A grande atividade dos mineradores nas lavras recém-descobertas, despertou a atenção do Governo Português, em virtude de sua situação de fronteira com os domínios dos Castelhanos, que viviam em constantes choques com os Portugueses, visando ao assoreamento de ambas as margens do Rio Guaporé, e para impedir que os Castelhanos tomassem posse daquela rica região, até então desconhecida. Sua primeira atitude concreta foi a designação de um Capitão General para governar a Capitania de Cuiabá, criada pelo Alvará Régio de 08-05-1748. A escolha recaiu na pessoa de D. Antônio Rolim de Moura Tavares, que a 17-01-1751, assumiu o exercício em Cuiabá. Trazia Rollim de Moura, severas "Instruções Régias", assinadas pela própria rainha, em Lisboa, em 17-01-1749. "Suposto entre os distritos de que se compõe aquela Capitania Geral seja o de Cuiabá o que presentemente se acha mais povoado, contudo, atendendo a que no Mato Grosso se requer a maior vigilância, por causa da vizinhança que tem, houve por bem, determinar que a cabeça do Governo se pusesse no mesmo distrito de Mato Grosso, no qual fareis a vossa mais costumada residência". A demora de Rolim em Cuiabá foi de pouco tempo. Embrenhando-se pelos sertões, pela mesma trilha deixada por predecessores, alcançou as margens do Rio Guaporé, chegando ao Arraial de São Francisco Xavier, com o firme propósito de cumprir o que era determinado nas Instruções Régias. Rolim Moura, contrariando o desejo dos componentes de sua comitiva, não quis aproveitar o núcleo já formado de São Francisco, preferindo lançar os alicerces da nova Vila, à margem direita do Guaporé no lugar de Pouso Alegre, em 19 de março de 1752. Com a presença do governador, pela riqueza mineral, pelos privilégios concedidos, o povoado tomou desenvolvimento, atraindo novos moradores. Em 1754, mudou-se a freguesia da Chapada para a capela de Santo Antônio da Vila, sita no local onde, no ano seguinte, se fundou a matriz da SS. Trindade. A 15 de abril de 1752, foi mandado construir por Rolim de Moura, a primeira edificação, "O Palácio dos Governadores", seguiu-se a da Igreja Matriz da Santíssima Trindade. D. Antônio Rolim de Moura Tavares, depois Conde de Azambuja, governou a Capitania de Mato Grosso e de Cuiabá, durante 14 anos. Rolim de Moura foi substituído, por João Pedro da Câmara, e este por Luiz Pinto de Souza Coutinho, que dirigiu os destinos da Capitania durante 3 anos e 11 meses, quando, então, assumiu o Governo, o General Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, marcando- se a fase áurea de Vila Bela. Cáceres dirigiu-se a Cuiabá no dia 4 de outubro de 1772. Demorou-se Luiz de Albuquerque cerca de um mês em Cuiabá, quando então prosseguiu viagem com destino a Vila Bela da Santíssima Trindade, sede do Governo da Capitania, onde o aguardava, Luiz Pinto de Souza Coutinho, para lhe transmitir o poder. Antes mesmo de chegar a Vila Bela, Luiz de Albuquerque já havia traçado o plano inicial do seu Governo. Verificou-se, assim, que o novo Governador iniciava o seu próprio governamental, adotando medidas de ordem moral e acauteladora, de caráter administrativo. Assentando, assim, solidamente, no Governo, pode Luiz Albuquerque dar cumprimento as ordens recebidas da Metrópole, tomando ainda uma série de iniciativas próprias que de a Vila Bela, uma posição de destaque como Cidade-Sede da Capitania de Mato Grosso e Cuiabá, situação essa, que desfrutou até quando perdeu tal categoria, por força do Alvará de 1820 e da Lei Provincial nº 19, de 28 de agosto de 1835, que transfere a Capital da Província para Cuiabá. O esplendor de Vila Bela, iniciado com o Governo do grande general Luiz de Albuquerque, terminou com a deposição do último Capitão General Francisco de Paula Magessi Tavares, depois Barão de Vila Bela, em 20 de agosto de 1821.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Etno-história



Etno-história é uma ferramenta muito importante para entendermos a origem dos ameríndios do estado de Rondônia, e para podermos montar o quebra-cabeça para termos condições de construímos a historiografia de Rondônia. Sem deixarmos o passado pré-ibérico deste povo da floresta fora da construção historiográfica. Vale salientarmos que a etno-história é uma proposta de investigação interdisciplinar, onde outras ciências como a etnologia e a antropologia colaboram na construção historiográfica de um povo. É uma prática coletiva, onde diferentes pesquisadores concorrendo para o diálogo comum a parti de suas competências específicas, se ajudam mutuamente na construção dos significados que iram subsidiar o desenvolvimento científico das humanidades.
Em nossa Universidade Federal de Rondônia não temos conhecimento de trabalho semelhante que envolva diretamente o curso de história, a pesa de temos noticias de trabalhos multidisciplinares na linha da oralidade, mas se faz necessário o estudo etno-histórico.

A colonização da região do Madeira rondoniense



Um esforço titânico se deu,

na busca de conquistar o Caiari

Chegaram homens brancos oferecendo um novo Deus

E uma nova fé na região das cachoeiras.


Ali se fixaram

Mas logo Mura e Tora

Dalí tratou de expulsá-los.


Outros homens brancos vieram

Carregando espadas e mosquetões

Em vez de terços e rosários.

Mataram e destruíram aldeias

Assim... Fazendo os mura

endurecerem cada vez mais...


Os mura afugentaram os guerreiro brancos

Desceram rio abaixo até encontrar...

os remanescentes da missão de Santo Antônio.


Desta vez foram expulsos da foz do Machado

Destruíram a missão do Camuan,

Localidade onde mais tarde

No período da borracha surgiria Calama.


Os mura verdadeiros donos do lugar

dominavam das cachoeiras

A foz do rio mar.


Os jesuítas vieram para facilitar...

Mas mesmo assim os guerreiro brancos

não poderam colonizar...


A luta continuou sem parar

Desde o tempo das missões ...

Levaram quase dois séculos

para em fim

poderem ocupar...


No final do século XIX

no perimêtro onde outrora

havia a missão do Camuan

surgi a Vila de Calama

como ponto de apoio

aos seringais do vale do Machado e do rio Preto.


Em meio a floresta subequatorial

Nasceu uma comunidade requintada

que mandava seus filhos estudarem em Paris,

onde erguiam-se casarões portugueses e vitorianos...


E hoje não resta quase nada deste

passado glorioso...


Calama foi porto de embarque do látex,

Sede da empresa Calama S/A .

Chegou ter uma área de 2 milhões de hectares

e um proprietário,

o espanhol Manoel Antônio Parada Carbacho

que recebeu todas essa terras do imperador do Brasil.




Prof. Cícero

Etno-história regional


História de Rondônia


A História de Rondônia começa antes do descobrimento do Brasil com a etno-história dos povos da floresta sub-equatorial, quando o atual território do Estado era povoado por várias tribos de ameríndios (Amondava, Arara, Ariquemes, Anuzés, Boca-preta, Caripunas, Gavião, Ipoteauês, Jarus, Mamaidês, Massacás, Mundurukus, Muras, Navaités, Nhabiquaras, Parnaguatés, Parintitins, Suruí, Torás, Urupás, Uru-eu-wau-wau, e muitos outros ).
A primeira expedição lusitana ao território que forma o nosso Estado de Rondônia remonta ao século XVII, do que antes foi parte da capitania do Mato grosso e parte da capitania do Grão-pará, e por último parte do Estado do Amazonas. Em 1943 foi transformado em uma unidade do Estado brasileiro por Getúlio Vargas, com o status de território fronteiriço subordinado diretamente ao governo central e com o nome de Território Federal do Guaporé. Em 1956, o Território Federal do Guaporé sofreu mudanças de designação passando a se chamar Território Federal de Rondônia, em homenagem prestada, pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira ao sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon. O território federal de Rondônia só virou estado de Rondônia em 1988, com a nova Constituição Federal.


Professor: José Cícero Gomes