sábado, 9 de agosto de 2008

A colonização da região do Madeira & Guaporé.

Prof. José cícero Gomes

O primeiro núcleo de povoamento colonial na Amazônia equatorial iniciou-se pelo vale do rio Madeira com o estabelecimento de missões religiosas jesuítas, com o intuito de catequizar e pacificar os nativos para facilitar a conquista e a ocupação da região. Dentre os muitos religiosos de destaque da Companhia de Jesus, na região do Madeira, sobressai o Padre João de Sampaio que, em 1728, por ter fundado um núcleo de povoamento entre a cachoeira de santo Antônio e a foz do Jamarí. Mas este aldeamento foi impiedosamente atacado pelos Mura, os nativos que ofereciam mais resistência a presença dos invasores. Daí a fama de ferozes, o terror do Madeira. No entanto a presença jesuítica no Caiari (rio Madeira) é mais antiga. Entre 1669 a 1672 os Padre Manoel e Garzoni fundaram um aldeamento na foz do Madeira na ilha de Tupinambarana, localidade que deu origem à Parintins. Na no passo que a catequese ia se concretizando ao longo do Madeira, as possibilidades de ocupação vão se tornando real. A região era riquíssima em drogas do sertão e, acima de tudo em cacau.

O Tratado de Madri
A partilha das terras da floresta sub-equatorial à Espanha e Portugal na América do sul gerou polêmicas que acabaram em altercações e conflitos durante boa parte da história colonial da região.
O Tratado de Tordesilhas – oficialmente demarcador das fronteiras entre Espanha e Portugal – nunca foi totalmente respeitado pelos sertanistas, mineradores e aventureiros portugueses e luso-brasileiros, em sua grande maioria paulistas, sendo portanto substituído pelo Tratado de Madrid, assinado na capital espanhola a 13 de janeiro de 1750, entre os reis de Portugal e da Espanha.Este tratado tornou-se responsável por determinar os limites entre as duas colônias sul-americanas, acabando definitivamente com a ameaça de um conflito armados entre portugueses e espanhóis.O Tratado de Madrid foi preparado cuidadosamente a partir do Mapa das Cortes, favorecendo a colônia portuguesa e aos seus colonos em prejuízo aos direitos dos espanhóis. Os diplomatas portugueses eram muito habilidosos nas negociações e basearam-se no princípio do ”Uti Possidetis” – direito de posse – para definir como se daria as divisões territoriais, trabalharam bem também para a vitória da coroa portuguesa. Pelo “Uti Possidetis” a terra deveria ser daquela nação que conseguisse ocupa a terra em litígio, e já se encontrassem estabelecidos nela, com a descoberta do ouro no Guaporé foi possível as autoridades portuguesas atraírem uma população considerável para a região e garantir definitivamente a posse da região com a chegada de Dom Antônio Roulim de Moura Tavares. Graças aos bandeirantes e ao Tratado de Madrid que legitimou as conquistas e a posse de áreas supostamente espanhola, os portugueses puderam se firmar no grande território que hoje forma o Brasil. O Tratado de Madrid estabeleceu que o limite da fronteira entre os domínios espanhóis e portugueses se daria a partir do ponto mediano entre a embocadura do Rio Madeira e a foz do Rio Mamoré, sempre seguindo em linha reta até visualizar a margem do Rio Javari. Surgia uma linha imaginária que futuramente geraria muitas discórdias.Por este tratado Portugal foi obrigado a ceder a Colônia do Sacramento ao estuário da Prata, mas em compensação recebeu os atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o atual Mato Grosso do Sul, a gigantesca área que ficava no alto Paraguai e mais algumas extensões de terras abandonadas, também adquiridas através de negociações. O tratado estabeleceu que a paz sempre reinaria entre as colônias, até quando as capitais das províncias se encontrassem em guerra; a Capital brasileira foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro; a posse da Amazônia foi cedida para Portugal e o Rio Uruguai foi escolhido como fronteira entre o Brasil e a Argentina.O Tratado de Madrid foi importante para o Brasil porque definiu aproximadamente o contorno geográfico do Brasil hoje.